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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Minha história é meu futuro

Prefiro começar pela parte boa da história, que na verdade são dois dias que se encontram e me transformam em quem sou hoje. A primeira parte acontece em uma pizzaria, onde eu encontrava meu grande mestre José Marqueiz às sextas-feiras, ali ele me ensinava a sorrir ao contar da vida. Quando se tratava de jornalismo, eu resistia aos assuntos do cotidiano, esses que vimos na televisão ou em qualquer outro meio que está vendendo tragédia nas ruas. Eu queria era falar de coisas boas, ou então de arte, de algo que viesse do coração.

Acho que foi sem querer, mas além de uma bela história de vida, Marqueiz me apresentou minhas próprias poesias e me indicou um caminho. Ele já dizia que meu nome brilharia como poeta ou jornalista, mas isso é coisa de amigo! Com a descoberta de um dom, descobri a possibilidade de tornar meu prazer em um trabalho, e ainda por cima enfrentar o desafio de ser diferente e independente aqui no Brasil. Eu era apenas uma recém-formada de 21 anos.

Nessa época, eu já conhecia a Academia Brasileira de Jornalismo Literário [ABJL], todavia ainda olhava apenas de fora a oportunidade. Essa modalidade reúne a técnica da literatura, e possibilita falar do dia de pessoas como o próprio leitor, oferece a liberdade de se escrever qualquer coisa, mas com muito gosto e suor, ao contrário de escrever apenas seqüências de assuntos que não fazem sentidos para uma qualidade de vida da população, realmente é bom fazer o retrato de um anônimo sendo a identidade brasileira.

Em 2008, já com 23 anos de idade e dois de formada, fui até a ABJL tentar minha vaga no curso com uma redação intitulada “Um peixe fora d’água”. Lá, encontrei um aquário cheio de insatisfeitos como eu. Uma turma de representantes de pequenas ou grandes empresas mergulhou no sonho de escrever e ler a vida. Ter arte na caneta e nos olhos. Aí as coisas começaram a ficar mais claras para mim e enxerguei a estrada, ou melhor, o rio onde peixe nada.

Trabalhei em alguns pequenos jornais e assessoria de imprensa, e três anos em uma nova revista de pesca esportiva, onde fui a primeira jornalista, tive que superar minha falta de experiência sendo responsável para criar desde o boneco até contratar novos funcionários. Ali direcionei minha autonomia para fazer reportagens de turismo e meio ambiente, reuni todo meu passado acrescentado ao grande amor por viajar, conheci a arte e a cultura do país. Foi um sonho que eu não queria largar.

Com as surpresas da vida, tive que fechar os olhos e começar do zero em dezembro de 2009, entrei para navegar em um Pantanal da vida, ou seja, chegou a hora de escolher na imensidão a porta exata para continuar. Minha idéia foi realizar um plano antigo, aprender inglês em outro país. Um imprevisto na família me fez decidir continuar no Brasil por mais algum tempo. Apesar de uma numerosa família, creio que serei a primeira a voar para além do Atlântico.

Venho de uma família de comerciantes, metalúrgicos, empresários, e o único da área artística foi meu avô que não cheguei a conhecer. Venci o desconhecimento na área da comunicação e artística com muita busca, sem grandes indicações, sem noção de onde, como, quando ou quem. Eu não sabia o que era jornalismo quando fiz o vestibular. Porém, foi bom aprender a conhecer.

Hoje, nessa missão de continuar em São Paulo, além de estudar todos os dias a língua inglesa, eu comecei a construir minha imagem, o estudo das novas ferramentas de Internet, onde considero terreno fértil para que os sonhos se materializem numa publicação virtual para só depois ser uma realidade materializada. Estou também construindo um site bilíngüe para postar todas as minhas reportagens de turismo e cultura de forma dinâmica, nele reúno profissionais que querem expor seus trabalhos com a maior qualidade nessa vitrine. Ele objetiva atender os pedidos de pessoas que sonham em viajar e acham isso distante, divulgar a cultura à todos os cantos da web, levar a cada cidadezinha a mão de obra de comunicação para fomentar o turismo, organizar a divulgação e lançá-la para o público do mundo.

Tenho um livro de poesias e narrativa poética que conta algumas dessas passagens chamado “Tardezinhas de outubro – Ensaio para poesia e o fim do primeiro amor”. Para publicá-lo de forma tradicional demanda muito dinheiro e não há previsão de retorno financeiro. Então, estou cadastrando os escritos em alguns sites da internet e pensando em publicar folhetins ou camisetas personalizadas. Para completar, além do plano de vida de conhecer o mundo, quero muito fazer um ensaio biográfico sobre José Marqueiz, compartilhar com as pessoas tudo que ele me ensinou, e ainda continuar aprendendo com entrevistas realizadas com companheiros dele, que abordarão uma análise comparativa entre o jornalismo da década de 1970 e dos dias de hoje. As entrevistas serão com essas pessoas de uma idade cheia de respostas para todas essas questões que apareceram em minha vida, ou no jornalismo atual.

Para ser sincera, trabalho em tudo isso enquanto procuro mais um rio, ou mais uma estrada, ou mais um mestre. Poderia eu abrir uma empresa e ser uma empresária bem sucedida, mas creio que, antes, estar ao lado de um grande conhecedor seria ótimo, talvez seja um jornalista. A verdade é que espero a vida escolher entre tantas opções difíceis de concretizar pela procura de oportunidade em massa. Minha veia artística não espera, ela continua criando sem parar, continua margeando a arte. Estou lendo um livro chamado Guia Brasileiro de Produção Cultural, nele está a pergunta se os artistas são produtores? É uma mistura de vontades, demandas e ofertas, há os que fazem e os que apenas planejam.

Em minha vida, no final, eu acho que realizo um sonho de criança: de ser artista, além da poesia. Penso que tudo se encontra no cinema, todas as artes estão dentro dele, e ali quero estar. Intuo que depois de muita experiência quero construir roteiros, percebo que é o grande problema da história do cinema brasileiro, e lá, quem sabe, eu consiga ainda explorar tantas possibilidades de trabalhar aprendendo e tendo prazer em estar dentro daquilo que se esperava. Hoje, quero apenas uma ótima oportunidade de estar em um ótimo lugar para ficar.


NÃO TENHO FOTO COM O MARQUEIZ, MAS TENHO COM O MEU PAI

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