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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Menina dos olhos negros

Estremecida e nervosa sensação de um ego paulista. Um frescor angustiado e passageiro. Assim, novamente, Olívia percebeu a juventude. Fechou os olhos e entregou-se à percepção: Viu-se correndo numa estrada de terra chuvosa, num momento azulado e ensopado. Corria intensamente em busca daquele momento. Estava entre pequenos galhos e folhas bem definidas, que ficavam ali para espancá-la. Aos prantos, um choro forçado e medroso, tomou coragem e virou mulher.

Seus olhos encharcados abriram-se com a respiração apertada e o corpo parado, de uma jovem que não se é. Decide, por fim, sorrir. Clareando sua existência, relembrando uma beleza bitolada e, mais uma vez, liberta.

Saúda a noite. Mergulha na música ao vivo, na dança corpo a corpo, na observação às vidas alheias. Derrete-se em alento, abraços e risadas. Gira-se e sente-se livre num momento que não deixou escapar. E o vazio saciou-se de calor naquela noite não premeditada.

Num último passo, com os minutos contados, Olívia segura-se no par, que não repara na dança. Uma vista alucinada de vermelho e branco indefinido, numa mistura de estilo de bom gosto, num corpo pequeno e bem feito. A calça jeans perfeita invadia o desenho, que envolvia a pele negra. Uma das mãos descansada no bolso, a outra segura numa lata, que não o deixava dançar. Emoldurado por tranças estava o mais lindo dos rostos e o olhar imponente de um jovem rapaz.

Muitas representações, muitas músicas persistentes, eternos artefatos para aquela visão não cessar. Olhares extasiados e cansados dela. Seguros e carnais dele. E um súbito pedido de dança, que samba na sanfona. Um chão mareado e luzes enfeitiçadas de jurupinga, gelo e cerveja.

A realização da noite inicial. A luz, finalmente, apagou-se com os olhos fechados. Desta vez, para sentir a juventude de dentro, que não espera a vida começar. E uma perfeita mistura de beijos combinados instalou versos de prazeres nos corações.

2 comentários:

  1. Eiiiii!!! passei por aki...

    num sei muito como escrever... mas muito bunito tudo isso....

    Beijuuusss

    ah, e pq vc naum passa pro blog aqueles textos q vc escreveu quando vc tinha uns 12 anos??

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  2. Explosão de sentimentos, de identidade, de ser, parecer, viver... Acasos destinados a um belo fim, despretensiosamente. Gostei muitíssimo.

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